terça-feira, 18 de outubro de 2011

razão quase enlouquecida*

meu coração patético quer fazer a festa dos sentidos
julgando que assim será feliz
para isso escolhe entre aquilo que me toca
o que arde e adentra a superfície

nos caminhos da pele do cheiro do som
há perigos que ele desconhece
e que aprendi a tatear
com as mãos de uma razão quase enlouquecida

temos um acordo
meu coração e eu
um dia
bateremos juntos
no mesmo tom

concedo-lhe então
todo o tempo de que precisa
para errar
esquecer-se
recomeçar

vou apenas desviando-o
para não se fixar na dor
e petrificar para sempre

assim ele permanece livre
e me conduz através das paixões

(*razão quase enlouquecida é uma expressão utilizada por Leandro Konder a propósito do pensamento de Hegel; ele sabe que estou usando emprestada nesta poesia e outros contextos)

Um comentário:

Carla Vergara disse...

isso pe bom:
"concedo-lhe então
todo o tempo de que precisa
para errar
esquecer-se
recomeçar"
beijos!