quarta-feira, 9 de novembro de 2011

dádiva

meu corpo é marcado com iniciais maiúsculas
minha alma também
eu toda vivo o tempo de um amor maior
do que cabe na vida inteira

ofereço-lhe agora o que já tive
recebe, pois é tudo seu

contorno sua alma com minhas mãos
seu corpo com meu amor
abro sem reservas meu coração
mas não se impressione com nada disso
minhas mãos tateiam sempre a plenitude do instante
meu amor escorre entre as fendas da loucura
meu coração é um barco à deriva da paixão
sigo sem me deter no que retém

aceita então o que lhe dou com o peito aberto
resistente apenas a atentados armados
jamais a seus movimentos sinuosos
guarda com você meu beijo
meu sorriso ao encontrá-la em mim
vou além do que você pede agora

mas quem sabe o que virá depois?
pode fazer falta essa violência que me precipita para o seu corpo
a doçura que me cola aos seus lábios cada vez
fica com tudo
desfaz do que quiser quando bem entender

quanto a mim não esquecerei nunca 
que no seu corpo – e isso aprendi no meu
a carícia, para imprimir-se
tem que rasgar a pele sem ferir fundo
deslizar sob a superfície
penetrando em todas as direções

em qualquer sentido que seja