meto pela boca
uma faca para cortar meu peito
para que antes de atingir o cerne
a faca rasgue o grito que o denuncia
e ele se traduza apenas
em sangue
despedaçamento
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
terça-feira, 25 de outubro de 2011
SacriFício
ferve na minha carne
uma vontade de anos
cada vez em você
adentro
adentro
labirintos
percorro
veredas azuis
mas que diabos
veredas azuis
mas que diabos
tem meu corpo
que gritar
teu nome
quando meu desejo
é descansar
de tudo
?
por que anjos
vem a paixão me golpear
vem a paixão me golpear
agora
que já morri todas as vezes
que podia
?
será possível
que nem nos céus nem nos infernos
nem deuses nem demônios
zelem por mim
e me poupem de mais esse sacrifício
?
de verdade
de verdade
não creio em mim
não creio em você
mas a vida cisma comigo:
me faz ver o que não há
!
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
meio da vida
um ogro
logro
malogro do destino
verteu a fantasia
do meu coração sozinho
na calçada do seu olhar esquivo
desde então desatino
louco
bobo
troncho
bate errado
em meu peito
esse amor que é quase nada
dança nos meus olhos
a violência
do desejo entre nós
enquanto
nos seus se revela
a delicadeza
que nos desata
de repente
terça-feira, 18 de outubro de 2011
razão quase enlouquecida*
meu coração patético quer fazer a festa dos sentidos
julgando que assim será feliz
para isso escolhe entre aquilo que me toca
o que arde e adentra a superfície
nos caminhos da pele do cheiro do som
há perigos que ele desconhece
e que aprendi a tatear
com as mãos de uma razão quase enlouquecida
temos um acordo
meu coração e eu
um dia
bateremos juntos
no mesmo tom
concedo-lhe então
todo o tempo de que precisa
para errar
esquecer-se
recomeçar
vou apenas desviando-o
para não se fixar na dor
e petrificar para sempre
assim ele permanece livre
e me conduz através das paixões
julgando que assim será feliz
para isso escolhe entre aquilo que me toca
o que arde e adentra a superfície
nos caminhos da pele do cheiro do som
há perigos que ele desconhece
e que aprendi a tatear
com as mãos de uma razão quase enlouquecida
temos um acordo
meu coração e eu
um dia
bateremos juntos
no mesmo tom
concedo-lhe então
todo o tempo de que precisa
para errar
esquecer-se
recomeçar
vou apenas desviando-o
para não se fixar na dor
e petrificar para sempre
assim ele permanece livre
e me conduz através das paixões
(*razão quase enlouquecida é uma expressão utilizada por Leandro Konder a propósito do pensamento de Hegel; ele sabe que estou usando emprestada nesta poesia e outros contextos)
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