uma onda
ameaça inundar
a casa que te fiz por anos a fio com tanto amor e carinho
não deixarei de mantê-la dia a dia até que a onda a desabe
não sei quando ela virá
embora seja quase certo que virá
ela poderá desviar-se no horizonte
mas se chegar
se me levar de ti
se te levar para sempre
se levar a nossa casa
você há de ter tido tudo o que teve nesse tempo
e eu hei de ter podido dar-te isso
terça-feira, 20 de novembro de 2007
PoESia para nÃo mORRer
para recobrar o ar que me falta
toda vez que o mundo à minha volta
continua, desenvolve, prossegue
num encadeamento quase perfeito
entre necessidade e acaso
como se toda a vida não fosse
sob todas as formas possíveis
uma pedra no caminho da morte
como se toda morte não estivesse
sempre à espreita, presente
para estancar, romper
a lógica, a seqüência, o fluxo
dos atos, das palavras, dos desejos
que se repetem, reproduzem
proliferam sucessivamente
para cortar o fio da história
surpreender a vida no átimo de desfazer-se
para sangrar, escorrer na morte
que se faz a todo tempo
simplesmente para me certificar
de toda e qualquer existência
invento minha poesia
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